Veja o que está em jogo no debate da Anvisa sobre inibidores de apetite
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01092011
Veja o que está em jogo no debate da Anvisa sobre inibidores de apetite
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) debate na tarde
desta quarta-feira (31) se quatro remédios para inibir o apetite - entre
eles a sibutramina - deixarão de ser vendidos no Brasil. O uso dos
medicamentos é defendido por médicos especializados no tratamento de
obesidade, associações e sociedades médicas do setor.
Os inibidores de apetite atuam no cérebro dos pacientes. Lá existe um
região conhecida como hipotálamo, que regula a sensação de fome e de
saciedade. A Anvisa divulgou uma nota técnica em fevereiro na qual
recomendava evitar o uso dos remédios (além da sibutramina, a
anfepramona, o femproporex e o mazindol), já que poderiam provocar
efeitos colaterais como problemas cardíacos.
Desde 2010, a agência já havia definido novas regras - mais rígidas -
para o uso e venda da sibutramina, a mais moderna das medicações
debatidas nesta quarta-feira.
No começo de 2011, o diretor Dirceu Brabano anunciou a proposta de
vetar os emagrecedores, dizendo que os benefícios não superariam os
riscos.
Para Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica (Abeso), defende que o controle já existente para a
sibutramina já é suficiente para restringir o abuso do remédio.
"De acordo com levantamento feito pela própria Anvisa, a inclusão da
sibutramina na lista de medicamentos D2, com receituários especiais, já
atestou a redução no uso", disse a médica. "Cada médico só pode receber
até 500 receitas a cada três meses, a Anvisa tem controle de quais
profissionais prescrevem ou não."
Caso a Anvisa decida pela proibição dos medicamentos, a única opção
restante para combate à obesidade será o orlistate, medicação de alto
custo que atua diretamente no intestino e reduz em até 30% a absorção de
gordura. "O preço desse medicamento é de R$ 300,00", diz Rosana.
"Scout"
A venda de remédios para emagracer com sibutramina foi proibida pela agência reguladora de remédios na Europa no início de 2010.
A entidade alegou, na época, que trabalhos científicos apontavam o
aumento do risco de problemas cardiovasculares em pacientes que usaram a
sibutramina.
Ricardo Meirelles, membro e ex-presidente da Sociedade Brasileira de
Endocronologia e Metabologia (SBEM), acredita que a interpretação da
agência europeia foi equivocada.
"Um trabalho publicado lá mostrou que a droga traz problemas
cardiovasculares, mas a imensa maioria dos participantes do estudo já
tinha alguma doença cardiovascular prévia", diz o endocrinologista. "Nós
achamos que a agência europeia extrapolou esses resultados que dizem
respeito a um tipo específico de pessoa para toda uma população."
Já para Francisco Paumgartten, professor da Escola Nacional de Saúde
Pública (ENSP) e membro da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) -
órgão que presta consultoria à Anvisa -, o estudo é válido e não há
evidências científicas para defender que o uso da sibutramina continue.
"Os médicos favoráveis à permanência desses medicamentos dizem as
pequenas perdas de peso já são benéficas ao paciente. Sim, isso é
verdade. Mas os estudos comprovam esse efeito somente para pessoas que
fazem dieta e mantém uma agenda de exercícios", afirma o médico.
Conhecido como "Scout", o estudo que levou a agência reguladora
europeia a banir o medicamento contou com 9 mil pacientes obesos,
monitorados durante 5 anos - parte deles recebeu sibutramina e outra
parte tomou uma medicação sem efeito (placebo). Todos os integrantes da
pesquisa passaram por dieta e praticavam exercícios físicos.
No caso dos Estados Unidos, a agência reguladora de alimentos (FDA, na
sigla em inglês) também recomendou o fim do uso do medicamento. Com
isso, a Abbott, empresa responsável pela venda da sibutramina, retirou o
produto do mercado. Canadá e Austrália também são países onde o
comércio da droga é vetado. "O Brasil é o maior mercado que restou para
esse medicamento", diz Paumgartten.
Duas propostas
Segundo Paumgartten, duas propostas estão em jogo na mesa da Anvisa
nesta tarde. Uma, recomendada pela Cateme, que prezaria pela proibição
das quatro medicações. Outra, com o apoio de médicos do setor e
farmácias de manipulação, que defenderia a permanência da sibutramina.
"Eles acham que com a saída dos medicamentos do mercado, seus
consultórios vão esvaziar. Encaram a proibição como uma ameaça."
O médico ainda destaca a possibilidade da criação de um termo de
responsabilidade a ser assinado pelo paciente quando utilizar a
sibutramina. "Se a Anvisa aprovar isso, seria algo contrário à ética.
Espero que essa proposta não vá adiante", diz o professor.
Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa da Anvisa
disse que o órgão só irá se pronunciar após a reunião desta tarde. Até
lá, o único consenso entre todos os médicos consultados é que o combate à
obesidade é eficiente quando o tratamento é baseado em dieta e
exercícios.
Fonte: G1
desta quarta-feira (31) se quatro remédios para inibir o apetite - entre
eles a sibutramina - deixarão de ser vendidos no Brasil. O uso dos
medicamentos é defendido por médicos especializados no tratamento de
obesidade, associações e sociedades médicas do setor.
Os inibidores de apetite atuam no cérebro dos pacientes. Lá existe um
região conhecida como hipotálamo, que regula a sensação de fome e de
saciedade. A Anvisa divulgou uma nota técnica em fevereiro na qual
recomendava evitar o uso dos remédios (além da sibutramina, a
anfepramona, o femproporex e o mazindol), já que poderiam provocar
efeitos colaterais como problemas cardíacos.
Desde 2010, a agência já havia definido novas regras - mais rígidas -
para o uso e venda da sibutramina, a mais moderna das medicações
debatidas nesta quarta-feira.
No começo de 2011, o diretor Dirceu Brabano anunciou a proposta de
vetar os emagrecedores, dizendo que os benefícios não superariam os
riscos.
Para Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica (Abeso), defende que o controle já existente para a
sibutramina já é suficiente para restringir o abuso do remédio.
"De acordo com levantamento feito pela própria Anvisa, a inclusão da
sibutramina na lista de medicamentos D2, com receituários especiais, já
atestou a redução no uso", disse a médica. "Cada médico só pode receber
até 500 receitas a cada três meses, a Anvisa tem controle de quais
profissionais prescrevem ou não."
Caso a Anvisa decida pela proibição dos medicamentos, a única opção
restante para combate à obesidade será o orlistate, medicação de alto
custo que atua diretamente no intestino e reduz em até 30% a absorção de
gordura. "O preço desse medicamento é de R$ 300,00", diz Rosana.
"Scout"
A venda de remédios para emagracer com sibutramina foi proibida pela agência reguladora de remédios na Europa no início de 2010.
A entidade alegou, na época, que trabalhos científicos apontavam o
aumento do risco de problemas cardiovasculares em pacientes que usaram a
sibutramina.
Ricardo Meirelles, membro e ex-presidente da Sociedade Brasileira de
Endocronologia e Metabologia (SBEM), acredita que a interpretação da
agência europeia foi equivocada.
"Um trabalho publicado lá mostrou que a droga traz problemas
cardiovasculares, mas a imensa maioria dos participantes do estudo já
tinha alguma doença cardiovascular prévia", diz o endocrinologista. "Nós
achamos que a agência europeia extrapolou esses resultados que dizem
respeito a um tipo específico de pessoa para toda uma população."
Já para Francisco Paumgartten, professor da Escola Nacional de Saúde
Pública (ENSP) e membro da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) -
órgão que presta consultoria à Anvisa -, o estudo é válido e não há
evidências científicas para defender que o uso da sibutramina continue.
"Os médicos favoráveis à permanência desses medicamentos dizem as
pequenas perdas de peso já são benéficas ao paciente. Sim, isso é
verdade. Mas os estudos comprovam esse efeito somente para pessoas que
fazem dieta e mantém uma agenda de exercícios", afirma o médico.
Conhecido como "Scout", o estudo que levou a agência reguladora
europeia a banir o medicamento contou com 9 mil pacientes obesos,
monitorados durante 5 anos - parte deles recebeu sibutramina e outra
parte tomou uma medicação sem efeito (placebo). Todos os integrantes da
pesquisa passaram por dieta e praticavam exercícios físicos.
No caso dos Estados Unidos, a agência reguladora de alimentos (FDA, na
sigla em inglês) também recomendou o fim do uso do medicamento. Com
isso, a Abbott, empresa responsável pela venda da sibutramina, retirou o
produto do mercado. Canadá e Austrália também são países onde o
comércio da droga é vetado. "O Brasil é o maior mercado que restou para
esse medicamento", diz Paumgartten.
Duas propostas
Segundo Paumgartten, duas propostas estão em jogo na mesa da Anvisa
nesta tarde. Uma, recomendada pela Cateme, que prezaria pela proibição
das quatro medicações. Outra, com o apoio de médicos do setor e
farmácias de manipulação, que defenderia a permanência da sibutramina.
"Eles acham que com a saída dos medicamentos do mercado, seus
consultórios vão esvaziar. Encaram a proibição como uma ameaça."
O médico ainda destaca a possibilidade da criação de um termo de
responsabilidade a ser assinado pelo paciente quando utilizar a
sibutramina. "Se a Anvisa aprovar isso, seria algo contrário à ética.
Espero que essa proposta não vá adiante", diz o professor.
Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa da Anvisa
disse que o órgão só irá se pronunciar após a reunião desta tarde. Até
lá, o único consenso entre todos os médicos consultados é que o combate à
obesidade é eficiente quando o tratamento é baseado em dieta e
exercícios.
Fonte: G1
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